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promessas de profundidades

Texto da curadora, Mariana Galender, 2022

 

Na estaca onde pulsa vida há sempre uma promessa de horizonte. Uma esperança de continuidade. É nesse lugar aquoso e incerto do porvir, entre o que vinga e o que não vinga, entre esqueletos de espinhas de peixes e cordões umbilicais, que habita o trabalho de Keila Knobel.

 

Promessas de Profundidades apresenta-se como uma instalação composta por uma constelação de registros fotográficos, desenhos e cianotipias de processos de enraizamentos de plantas realizados pela artista durante o tempo suspenso da pandemia.

 

A partir de uma observação atenta e sensível sobre as delicadezas do que brota, do que rompe a pele e se projeta no novo, Keila nos lembra: é preciso regenerar. Contemplar e maravilhar-se com o essencial do ciclo da vida. Poder renascer da transparência do simples.

 

O trabalho convida o visitante a parar. Viver o tempo expandido do sentar-se à mesa de estudo. Demorar-se. Perder-se no profundo. Observar, através de potes de vidros, a própria origem.

 

Em tempos de retomada do pacto social e civilizatório, nunca foi tão urgente a abertura necessária para o encontro com o outro. O encontro dos diversos seres nas suas diferenças. A partilha da graça do emaranhado de linhas que nos une. É só tomar fôlego, mergulhar e esquecer de voltar à superfície.

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